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quinta-feira, agosto 02, 2007

Uma releitura de Malaquias, o profeta incompreendido pela igreja - Parte 3



Do sacerdócio

“O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? - diz o Senhor dos exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do Senhor é desprezível. Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador, acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? - diz o Senhor dos exércitos. Agora pois suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? - diz o Senhor dos exércitos.” Malaquias 1:6-9

A profecia dada por intermédio de Malaquias à nação de Israel começa a tomar a forma de uma severa repreensão do Senhor. Como vimos no artigo anterior Deus mostra o desprezo do povo ao Seu terno amor, e agora parece começar a abrir o leque de iniquidades da nação.

Interessante notarmos como Deus começa as suas repreensões pelo “clero” dos judeus, Ele bate de frente com os sacerdotes, os que deveriam ser exemplo de devoção e dedicação ao Senhor, visto que só tinham essa tarefa no meio do povo, são os mais desleixados com as ordenanças dadas por Deus. Veremos que até a metade do capítulo 2, o Senhor ainda dedica seu tratamento aos sacerdotes, claramente contrariado por um comportamento vil e mesquinho dos seus obreiros.

As ordens de Deus com relação aos sacrifícios e ofertas foram totalmente claras, e podemos vê-las no Pentateuco, em especial Levítico, que trata minuciosamente das leis cerimoniais exigidas por Deus. Todo sacrifício deveria ser perfeito, com alimentos e animais perfeitos, sem defeito e sem mancha. Isto era requerido do povo para que através disto o Senhor os ensinasse que Ele é santo, que é puro de olhos, que não aceita uma meia aliança. Deus entra com seu infindo amor, porém espera uma contrapartida de comprometimento.

Neste momento fica claro que o problema não está no amor de Deus, como ouvia-se na boca do povo “Em que nos tem amado?”, mas sim no próprio povo, que entregou-se a um sentimento pecaminoso, desprezando o Senhor, suas leis e seus estatutos, preferindo assim viver uma vida da sua maneira e acabando assim por pagar pelo preço dos seus erros.

Embora o sacrifício vicário de Cristo, santo e definitivo, seja totalmente eficaz sobre nós, a Igreja, ainda assim Deus permanece o mesmo. Como pai deseja ser honrado por nós e como Senhor espera nosso profundo respeito e reverência. Não mais precisamos oferecer animais, porém o cristianismo vai muito além, o sacrifício deve ser nós mesmos. “Rogo-vos, pois, irmãos; pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1). E não mais temos um “clero”, isto é, sacerdotes intermediando nossa relação com Deus mas “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz;” (I Pe 2:9).

É fabuloso notar nos textos de Malaquias, Paulo e Pedro que o relacionamento que Deus deseja conosco continua sendo o mesmo. Embora não sejamos a nação de Israel, somos a Igreja de Cristo, não temos sacerdotes, porém nós somos os sacerdotes, não oferecemos sacrifícios de animais, mas oferecemos nós mesmos como sacrifício vivo.

Aqui pausamos a análise desse momento da profecia para nos voltarmos ao assunto original dessa sequência de artigos, a incompreensão da Igreja de Cristo com relação ao profeta Malaquias e as profecias de Deus. Observemos que embora a palavra tenha sido dirigida ao povo de Israel, podemos contextualizá-la com a Igreja, não de qualquer forma, mas embasando os argumentos na relação de verdades bíblicas contidas nos textos do Novo Testamento. Seguidamente as igrejas evangélicas tem experimentado fórmulas bíblicas miraculosas baseando-se única e exclusivamente em promessas e palavras de Deus que originalmente foram direcionadas à nação de Israel. Com isso criamos frustração e jugo sobre as pessoas que acabam seguindo essas interpretações errôneas e deturpadas das Escrituras. Há necessidade de que os líderes cristãos estudem mais a bíblia, desliguem-se de tradições humanas e procurem através do Espírito Santo enxergar a Palavra de Deus para Sua Igreja.

Voltando à nossa análise, e aplicando a repreensão do Senhor à nossa condição de ramo enxertado, vemos que como sacerdotes não podemos nos portar de qualquer maneira perante Ele, e por muitas vezes confundimos isso com estar nos edifícios que chamamos de igreja, confundimos em desempenhar um papel em determinado ministério, ou mesmo confundimos com ordenanças de homens. Assim como Jesus disse que o adultério não consiste no ato sexual em si, mas na concepção mental de tal pecado – uma clara extensão da lei – também nós, sacerdotes de Deus, não podemos viver uma vida devassa, desprezando o Espírito Santo que vivem em nós, agindo feito meninos na Sua presença, mas considerando que o sacrifício que o Senhor exige é contínuo, que a nossa vida deve ser um eterno culto ao Criador, devemos ser impelidos a aproximarmos nossa imagem à de Seu filho, devemos buscar sermos santos como Ele é santo. Do contrário estaremos como os sacerdotes de Israel, por nossos atos mostramos que a mesa do Senhor é imunda e desprezível, cogitando em nossa mente que por que temos a graça Dele podemos torná-lo co-participante de nossas más obras, e por vezes mostrando que o povo que não é igreja tem mais respeito por Deus do que nós.

Até quando ofereceremos nossas vidas como um sacrifício imundo perante Deus? Até quando não o respeitaremos como nossa Pai e Senhor? Precisaremos que Ele mostre o qual terrível é entre todas as nações? Continuaremos oferecendo sacrifícios melhores aos nossos superiores do que a Deus?

Que nosso Pai e Senhor nos corrija para que escapemos da condenação!

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